Lavar cabeças a bu..os é gastar champô!
Por vezes relembro algumas dicas de pessoas que foram passando na minha vida. Um dia Jorginho, ex-colega de equipa e também ex-jogador do F.C. Porto, disse-me que em campo eu corria muito, mas que corria muito de forma errada. No fundo ele não me estava a trazer nenhuma novidade. Eu sabia que era verdade e lidava bem com isso, pois sabia que com aquela entrega e vontade podia chegar longe, como veio a acontecer. Podia e deveria mudar? Podia correr menos e melhor? Claro que sim. O problema é que não sabia como.
Pouco tempo depois, João Tomás e Paulo Santos, também ex-colegas meus de equipa, disseram-me que se um dia tivesse sorte iria sentir a diferença. Naquele momento, aquelas palavras não significaram nada, talvez conversa fiada, de “duas cobras velhas, rabugentas” (refira-se que gosto muito deles), que apenas queriam picar-me. Anos mais tarde vi o poder daquelas palavras. Sem dúvida que tive a sorte de poder ter sido treinado por bons treinadores, por poder ter partilhado balneário com jogadores incríveis, pessoas que me fizeram acreditar. Que me mostraram novos caminhos. Mais eficazes. E que no fundo me tornaram melhor jogador.
Desde aí, gosto de aconselhar. Nos dias de hoje talvez não seja a palavra mais bonita. Mas é isso que faço.
Já o fiz centenas de vezes. Faço-o há anos. Apoiado na prática mostro que existem outras escolhas para tudo o que fazemos, e quem sabe, novos resultados. Ou ainda, melhores resultados. O interesse de estudar sobre os temas e essencialmente a riqueza em lidar com muitas pessoas diferentes levaram-me muitas vezes a tentar agir com qualquer um que merecesse a minha atenção. Falar essencialmente com colegas meus e apresentar-lhes uma proposta. Algo que os pusesse a refletirem.
Cada vez que o fazia sentia-me bem, durante anos acreditei que era possível “tocar em todos”!
Há pouco tempo atrás acreditava que poderia contrariar uma tendência que já vinha a verificar – na prática, e tendencialmente após algum tempo os comportamentos não alteravam assim tanto. Vi que a maior parte das vezes aquilo não funcionou. Vi que afinal há pessoas que não querem mudar. Estão bem assim.
A riqueza disto tudo é que depois de muitos anos decidi que não vou gastar mais dinheiro em champô. O segredo está em encontrar as pessoas que no fundo querem conhecer outros caminhos, que precisam apenas de um empurrão.
E no teu caso, no seio da tua equipa de trabalho, como tens lidado com esta questão?